Para reflexão:
Quando se fala do Cristianismo não se fala de uma religião que surgiu diante de nossos olhos, em nossas vidas efêmeras, e sim de uma religião milenar. Este "milenar" pode ser tanto um adjetivo positivo quanto pode ser o seu oposto. Quando alguém resolve aceitar ser um membro desta comunidade religiosa, inevitavelmente ele terá de se submeter à toda uma tradição histórica que ao contrário do que os ignorantes supõem, não caiu do céu. Nem os livros que compõem a Bíblia e nem o desenrolar futuros concílios "caíram do céu", tudo é fruto do esforço de homens muito crédulos em sua fé, e também limitados a seu período histórico.
Destarte, quando vemos hoje em dia posições conservadoras da parte do Vaticano referente a determinados assuntos, não é para ninguém ficar espantado. Mudam-se os papas, mas a doutrina permanece pouco ou quase nada modificada. A questão religiosa é tão profunda que mesmo aqueles que se dizem feministas (radicais ou não) evitam mencionar certos aspectos da própria religião, para não contradizerem-se. Aí iniciam aqueles malabarismos intelectuais para tentar separar o joio, do joio, do joio do trigo.
Começam com suas exegeses... "Um profeta disse isso em determinado trecho da Bíblia", aparece outro dizendo: "É, mas o outro disse uma outra coisa no outro livro!", e um terceiro aparece contradizendo aos dois anteriores. A Bíblia não é um livro fácil mas mesmo assim qualquer um consegue sem muito esforço defender a qualquer coisa. Poucos sabem, por exemplo, que oficialmente o Vaticano é a favor da pena de morte. Com isso percebemos o quão pouco as pessoas sabem do assunto para defender, que dirá criticar.
Porém e a tradição oficial da Igreja? Esta instituição que, para os cristãos católicos do mundo todo é a maior referência? Para estes o que resta é admitir a hierarquia da mesma, muito humildemente. Mas é possível ser feminista e cristã ao mesmo tempo? É possível você defender os direitos da mulher sem se perverter em certos rumos... Por exemplo: você não irá jamais ser católica e ao mesmo tempo ser uma feminista que defende ardorosamente o aborto. Você jamais será uma feminista e ao mesmo tempo tomará partido em um movimento (Marcha das Vadias-Vazias) em que se destrói imagens sacras. O mesmo se dá diante destas inúmeras montagens, charges, etc. que apresentam os homens como "cachorros a serem adestrados", que espalham em redes sociais para que as meninas cresçam com suas mentes desvirtuadas. Se você for católica, você não tem como compactuar com isso, como de fato boa parte das feministas o fazem, e ainda se julgando "em seu direito de resposta".
Depois de todas estas palavras, deixarei em aberto uma questão muito interessante e que eu jamais vi em qualquer lugar: qual a razão de homens de grande nome como Paulo de Tarso, Arthur Schopenhauer, Nietzsche, Gandhi (sim), Platão, e tantos outros, defenderem uma sociedade com o homem encabeçando suas famílias? Esta pergunta é para reflexão, já que respostas prontas são muito fáceis. "Eles todos eram inteligentes porém machistas!", dirão as adolescentes. Filósofos, cientistas, construtores intelectuais da Igreja... todos então em massa arquitetando planos de dominar o mundo às custas das mulheres... Sei. A pergunta mais precisa é: o que EXATAMENTE justificava na mente destes grandes homens esta postura tida como "machista"? Quais eram seus argumentos? Se são pensadores de escol, porque defendiam este tipo de sociedade?
Quando cada um buscar as respostas começarão a perceber que o que chamam de "machismo" é muito mais complicado do que somente "ranço de homem bruto".
*